Sorria preta...
Mas, chora também.
Chora as dores. As mágoas. As rejeições. A infância fodida. A auto-estima que foi destruída aos teus oito anos.
Chora... Não carrega o peso do sorriso forçado.
Chora por causa da primeira vez que te elegeram como a estranha/exótica/feia da sala. Chora por todas as vezes que você teve que fingir que não ligava.
Chora porque nunca, ninguém quis te dar um beijo até o ensino médio.
Chora porque tudo isso te deixou tão frustrada, tão tímida que no primeiro gesto que você achou que era de amor, você se entregou aos abusos desse "amor".
Chora porque você passou décadas sem entender o que era amor próprio, chora pelos rótulos, a falta de fé em você, chora porque te veem de ferro e quando veem sua carne é só para consumo.
Chora porque você é insegura e não reconhecem o motivo principal disso.
Chora por ser mãe solo e ser três vezes mais objetificada (mulher/negra/mãe).
Não chora, desagua, seca as lágrimas.
Chora por que na pirâmide social estamos embaixo, um tapete, um esquecimento.
Chora porque a sociedade machuca, porque antes de você falar tua pele fala por ti.
Chora...
Por fim, levanta...

Chora que depois que você se reconhecer como ser humano, falho, mas de luta, você pega os cacos e se remonta e nesse novo ser, não caberá os pesos que destruiu sua mente até hoje.
Se ame e sorria, por fim... Existimos, Resistimos.
Comentários
Postar um comentário