A empatia social é branca
Na mesma semana em que uma criança negra é impedida de comer em um shopping por ser uma "criança de rua", embora, este estivesse acompanhado, seu lanche pago, e mesmo assim, foi necessário uma situação difícil de opressão, para ele poder se alimentar naquele local, nessa mesma semana vejo uma campanha que uma pessoa fez para três crianças loiras de olhos azuis que estavam pedindo na rua, por elas serem "lindas, e estarem naquela situação".
Lembrei logo do livro Discurso sobre o Colonialismo do Aimé Césaire, que é categórico em dizer que todo burguês tem uma Hitler em si, e que o pecado de Hitler foi fazer com os brancos o que fizeram com os negros, genocídios marcaram e marcam nossa história, mas o que causou mais comoção mundial foi o Holocausto judeu.
Não, não estou dizendo que crianças de rua brancas não sofrem, muito menos dizendo que o holocausto não foi tão cruel como conhecemos, mas, atentemos para um conceito tão atual "empatia"... O que gera isso nas pessoas?
O racismo está na historiografia, ele determina o que deve ser lido, combatido, sentido. O que deve ser temido, lamentado e lembrado. O negro e a condição de subalternidade está escrito e descrito no imaginário da sociedade.
Precisamos refletir porque não conhecemos sobre os genocídios na África, sobre a escravidão no Brasil e suas mazelas que permeiam nossa sociedade atual. Precisamos entender porque as crianças negras sao impedidas de comer enquanto crianças brancas geram campanhas de solidariedade. A solidariedade e empatia se gera pelo ser que no imaginário não deveria sofrer, os brancos, e digo ninguém deveria, as crianças negras e brancas, os Escravizados africanos, os judeus. Mas, enquanto apenas a dor do branco importar teremos a manutenção do racismo, enquanto a historiografia identificar como importante apenas autores da casta intelectual européia branca teremos a manutenção do racismo, enquanto mantermos em silêncio esses dados estaremos sendo responsáveis pela manutenção do racismo...
Encerro com uma frase da Audre Lord para os educadores: Silêncio no patriarcado é a voz da cumplicidade.
Nós por nós!
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