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Mostrando postagens de junho, 2018

O outro do outro

A mulher negra! O outro do outro A masculinidade não me aceita A branquitude me renega O papo de mana acaba quando eu preciso limpar sua casa 53% é o numero que marca Violência que dilacera e mata Não tem empatia quando o assunto é tua teoria Você me define como identitária Ignora meus conhecimentos Tira meus sonhos Tira minha fala Tira minha militancia Tira minha vida No dia do meu funeral me abraça...  A crucificação é diária, o linchamento é cotidiano, as mortes são simbólicas.

Rupi Kaur me incomodou.

Rupi Kaur me incomodou... Outros jeitos de usar a boca, chegou para mim descrito por homens como literatwitter, que trazia a obviedade das coisas, os clichês de outras, nada que ninguém nunca tenha pensado antes. Mas, o que seria literatwitter? Uma maneira de menosprezo literário? Afinal, o que tais pessoas entendem por literatura? Para além do conceito científico da literatura penso: quem escreveu, quem é o público e qual a função da obra? A função desse livro e principalmente quem se lê nessas linhas. O que chamaram de obviedade eu chamo de realidade arrasadora, o livro escrito por uma mulher que tem como público principal mulheres, decorre sobre abuso sexual, relacionamento abusivo e amor. Antes de qualquer coisa Rupi Kaur inicia: "meu coração me acordou chorando ontem à noite o que eu posso fazer supliquei meu coração disse escreva o livro". Quando falo que Kaur me incomodou é porque ela incomodou coisas silenciadas dentro de mim, os poemas transitam entre leveza e s

A empatia social é branca

A empatia social é branca Na mesma semana em que uma criança negra é impedida de comer em um shopping por ser uma "criança de rua", embora, este estivesse acompanhado, seu lanche pago, e mesmo assim, foi necessário uma situação difícil de opressão, para ele poder se alimentar naquele local, nessa mesma semana vejo uma campanha que uma pessoa fez para três crianças loiras de olhos azuis que estavam pedindo na rua, por elas serem "lindas, e estarem naquela situação". Lembrei logo do livro Discurso sobre o Colonialismo do Aimé Césaire, que é categórico em dizer que todo burguês tem uma Hitler em si, e que o pecado de Hitler foi fazer com os brancos o que fizeram com os negros, genocídios marcaram e marcam nossa história, mas o que causou mais comoção mundial foi o Holocausto judeu. Não, não estou dizendo que crianças de rua brancas não sofrem, muito menos dizendo que o holocausto não foi tão cruel como conhecemos, mas, atentemos para um conceito tão atual "e

Não se nasce mulher negra consciente, torna-se .

Não se nasce mulher negra consciente do nosso poder de luta, torna-se. Eu sempre ouço a célebre frase de Beauvoir: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Óbvio que depois que ingressei no ambiente acadêmico, antes disso eu não ouvia nada, sobre tornar-se nada. A luta de classe e raça foram e são vivenciadas, sem análises, sem referências teóricas, eram sentidas na pele, NA PELE. Encontrei na universidade a teoria do que eu já vivia, reconheço nas leituras o que já sei, só  que como eu iria falar disso antes se na academia eu quase não consigo falar agora?  Pegando um gancho na frase que iniciei, eu descobri nos últimos anos que não se nasce negro, torna-se... E o tornar-se negro é doloroso, é um processo de aceitação e conhecimento de si e do racismo que está em ti, no teu amigo, na tua família, e é extremamente duro vivenciar todas essas etapas. O tornar-se negro é chato para quem não é negro e é também uma arma que te apontam sempre que você tenta abrir a boca para falar so

Um texto para mulheres negras - O direito ás lágrimas.

Um texto para mulheres negras Sorria preta... Mas, chora também.  Chora as dores. As mágoas. As rejeições. A infância fodida. A auto-estima que foi destruída aos teus oito anos.  Chora... Não carrega o peso do sorriso forçado.  Chora por causa da primeira vez que te elegeram como a estranha/exótica/feia da sala. Chora por todas as vezes que você teve que fingir que não ligava.  Chora porque nunca, ni nguém quis te dar um beijo até o ensino médio.  Chora porque tudo isso te deixou tão frustrada, tão tímida que no primeiro gesto que você achou que era de amor, você se entregou aos abusos desse "amor".  Chora porque você passou décadas sem entender o que era amor próprio, chora pelos rótulos, a falta de fé em você, chora porque te veem de ferro e quando veem sua carne é só para consumo.  Chora porque você é insegura e não reconhecem o motivo principal disso.  Chora por ser mãe solo e ser três vezes mais objetificada (mulher/negra/mãe). Não chora, desagua, seca as lá

A vítima tem sempre razão?

"Vieram me perguntar se a vítima tem sempre razão Curioso que eram uns cinco ou seis brancos tudo dentro do padrão de uma hora para outra se sentiram oprimidos o movimento negro sectarista está impedindo a união mas que união é essa meu caro? Que empatia é essa que não chega no meu portão?  Vocês só usam isso pra inferiorizar o movimento negro na rede social fazendo text ão. Eu tô cansada de tantos in telectuais se dispondo a prejudicar nossa imagem usando seis, sete casos, generalizando os que já estão a margem. É todo mundo contra a dicotomia mais de uma hora para outra somos vilões. Tapamos as bocas dos brancos bem intencionados que só querem ajudar os negros que agora estão revoltados. Agora me responda uma coisa, o que é que se faz sem revolta? Que é revolução é essa que não chega na minha porta? O que Marx iria dizer dessa geração?  Trancadas em casa pensando em produção? Com uma linguagem acadêmica que só burguês consegue ler quer saber meus amigos vão se foder