"Lilia Schwarcz, me lembrou do fato que no século XIX no Brasil, ex escravos libertos que percorressem o interior do país com um "passaporte" podiam ser apreendidos por suspeita de escravo", se você for negro sabe que é imprescindível andar com a carteira de identidade, mostrar-se humilde e todas as técnicas de se portar diante da polícia por sempre ser suspeito. Se frequenta a zona sul é lido como um perigo, se frequenta o starbucks pode ser retirado pela polícia que ao ver você sentado achou que estava em condição suspeita, se um casal negro for ao supermercado com uma criança branca é acusado de sequestro, se mora na favela é criminoso. A égide da suspeita não sai dos nossos ombros, o discurso de inferioridade e que a nossa natureza biológica de um comportamento criminoso que é além de propenso, físico e hereditário, não fazem parte apenas do século XIX, as formas de escravidão, encarceramento e perseguição contra o negro foi se "modernizando", a recorrência com que nós negros fomos postos á margem não é algo superado, fictício ou democrático. A manipulação da tal da democracia racial serviu de base para a negação dos principais problemas do negro na sociedade brasileira, a negação do racismo juntamente com uma tendência a acreditar que o preconceito de classe era igual para o branco e o negro pobre, serviu de véu para o silenciar os diversos dilemas que foram ignorados durante muito tempo por estudiosos e teóricos, vale a máxima "pergunte o que é racismo para os especialistas", já diria Mano Brown que esses especialistas em identificar raça é a polícia, as formas de opressão se modificam, as formas de repressão mudam, mas os que antigamente eram suspeitos de escravos, hoje são suspeitos , e não importa o crime, a condenação tá na pele que quanto mais escura mais dedura, 111 tiros de julgamento, qualquer fuzilamento que a polícia possa justificar (ou não) define o que é a justiça para o preto no país da famigerada democracia racial.
Dororidade – Vilma Piedade (2017) Vilma Piedade é Filósofa, “Mulher Preta, Brasileira, Feminista. Mulher de Asé” e aquariana. A autora nos presenteia com um novo vocábulo e um novo conceito – Dororidade. Dororidade é também o título do livro da autora que vem definir este e que foi publicado em 2017 pela editora Nós. A autora inicia a obra com as contribuições de Lélia Gonzalez e do seu “pretoguês”, apontando também, que a “criação de um conceito envolve a relação linguística entre significado e significante” (p.12) e como essas relações linguísticas envolvem uma relação de poder e de “luta de classes”. Discorrendo sobre o papel dos filósofos em explicar o mundo, a si e a sociedade, o conceito dororidade é “parido”. Etimologicamente o termo Dororidade nos lembra o termo Sororidade. Antes da definição particular e complementar de ambos os termos, Vilma nos coloca as limitações do feminismo que a princípio foi “perceber o movimento como um projeto único, moldado para...
Seguimos suspeitas e suspeitos. Somos todas Cláudia, somos todas Marielle.
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